O Mar


O Mar
Texto Escrito por Rebeca Vilaça

E nesse mar voraz que deseja me engolir sem piedade, eu me atiro de olhos fechados, pronta para mergulhar em suas profundezas. Me jogo de peito aberto ao me atirar em suas violentas ondas da maior pedra. Elas me englobam e eu me afogo, mas não há dor, não ainda. Não sinto meus pulmões se encherem de água. Há uma estranha calmaria que me alenta e me aninha em seus metafóricos e inexistentes braços. É uma paz silenciosa e gostosa que me invade, porém, o silêncio é frágil. Em um movimento de proteção, as ondas me jogam para longe e eu automaticamente engulo água. É salgada. Parece que o mar chora. Ele me afasta ao mesmo tempo que me traz para si. Não quer que eu me afogue e me perca em suas turbulentas águas. Há preocupação. Mas eu não me importo em arriscar-me nessa intensidade que me envolve. A alegria me é dada como presente. Pareço flutuar na água que vai e volta. Eu não quero ir embora, nadar em direção à superfície e retornar à areia. Desejo explorar e conhecer ainda mais esse mar, esse mar que aos meus olhos é tão imenso e bonito. Quando o sol se põe e sua guarda baixa, a beleza natural surge e me faz sorrir. E é nesse sorriso bobo e de admiração que eu me agarro, porque é um bem que eu não estou a fim de perder. É na esperança de encontrar mais belezas naturais que me prendo e insisto em nadar para mais longe no intuito único de explorar e vivenciar cada segundo dessa exploração. Sei que o horizonte é infinito e o futuro, consequentemente incerto, mas há em mim um espírito aventureiro que não tem medo de sentir, pois sentir é o que me torna viva. E viver é o que eu mais amo fazer.

Estrelas Cadentes


Estrelas Cadentes
Texto escrito por Rebeca Vilaça

Somos como estrelas cadentes. Caímos iluminando o céu por milésimos de segundos e todo mundo observa admirado aqueles milésimos de segundo que você está brilhando, até que o brilho se apaga. Somos como estrelas cadentes. Quando somos notados, as pessoas fazem um pedido, mas se esquecem de que um dia nos viu ao sumir de suas vistas. Somos como estrelas cadentes. Ninguém se importa porque está caindo, apenas querem admirar a beleza etérea e solicitar aquilo que mais desejam em seu íntimo, mesmo que esse anseio seja puramente egoísta. Somos como estrelas cadentes, caímos quando morremos. No fim da morte as pessoas se lembram, mas em vida ninguém se importa.